Com cenários virtuais, novas formas de expressão e plateia em casa, artistas buscam se adaptar diante do isolamento social
Quando nos deparamos com as aulas suspensas justamente na semana em que começaríamos a desenvolver o trabalho deste ano das oficinas de teatro nas escolas, já foi um baque. A crise sanitária da covid-19 trouxe uma mudança repentina. Em um primeiro momento, achamos que seria breve. Ledo engano. O tempo foi passando, e todas as nossas atividades previstas para 2020 foram ficando para trás: as oficinas teatrais, a estreia de “E agora, Caipora?”, “Desculpe incomodar” e as palestras do Universidade Pública, Tô Dentro. É claro que, em alguns momentos, vamos retomar todos esses projetos, mas evidentemente que a frustração aparece de vez em quando.
Para salvar vidas – a nossa, a sua -, cinemas, teatros e casas de shows permanecem fechados ao público. Com isso, fomos privados dos nossos recursos habituais, mas isso não amorteceu a nossa capacidade de criar. Diante desse cenário, percebemos a necessidade de manter, pelo menos em parte, nosso trabalho ativo, de forma virtual. Partimos da premissa de que as redes sociais poderiam ajudar a preencher o vazio causado pela propagação do coronavírus e, inicialmente, desenvolvemos nossa primeira oficina teatral online. Em meio às limitações tecnológicas, conseguimos consagrar 15 aulas ao vivo, além de exercícios teatrais fora do horário da transmissão – confira todas as aulas no nosso canal no Youtube. Inclusive, estamos preparando uma apresentação de conclusão online – fique ligado nos nossos canais que em breve daremos mais detalhes. E não paramos por aí. Estamos preparando novos projetos, em novos formatos, para saciar nossa vontade de fazer arte e para oferecer a quem quer que seja, uma forma de manter o vínculo com a cultura, mesmo estando distante dela fisicamente.
O setor cultural foi um dos primeiros a interromper as atividades presencialmente, e é possível que seja um dos últimos a reabrir. Mas graças às redes sociais e ferramentas de streaming, está sendo possível oferecer novos tipos de interações e experiências. Depois dessa vivência, percebemos que arte e tecnologia andam juntas. Há muito tempo, mas agora mais do que nunca, se desenvolvem lado a lado e são capazes de se complementar e se transformar. Evidentemente, não é a mesma experiência que temos dentro dos teatros, mas daqui para frente, poderemos aproveitar o potencial dessa combinação imbatível para ampliar a presença artística online e offline.
Por enquanto, vamos arrumando os preparativos para nossa próxima surpresa (se você nos acompanha nas redes sociais, já sabe que tem a ver com a turma da mata!), e, por isso, convidamos você a continuar nos acompanhando nas plataformas digitais (Instagram, Facebook e Youtube) e assistir tudo o que estamos preparando.
Mas, é claro que não somos apenas nós que mudamos nosso fazer. Temos uma série de parceiros que também desenvolvem atividades online e, neste ambiente, aproveitamos para fortalecer os artistas locais. Deixamos, abaixo, sugestões de atividades culturais online gaúchas para a família inteira se deliciar. Confira:
Gauderiadas do Amanhã (Entretê Produções)
Transmitida pelo Facebook (e disponível também no Instagram e Youtube), a série estreou no último dia 06, e terá seus quatro episódios disponibilizados ao longo do mês de setembro. A série é a segunda produzida pela Entretê Produções durante a pandemia e se passa em futuro próximo, onde, sem vencer completamente a covid-19, os gaúchos enfrentam um governo totalitário, enquanto tentam sobreviver a uma eterna pandemia. Annita Garimba e seu patrão, Pedro Botique, partem em busca de um lugar sagrado, onde a pandemia não pode chegar. No caminho, encontram um general maluco, Benito Gonçalves, que os obriga a entrar em uma revolução que quer derrubar o Governo Chipango. Agora, em meio a uma batalha bem gaudéria, os novos gaúchos tentam se adaptar a um novo normal.
Conexão Hariboll (Hariboll Produções Artísticas)
O programa Conexão Hariboll foi o primeiro projeto online criado pela produtora Hariboll em abril. As lives são realizadas às 20h30min nas segundas, quartas e sextas – semanalmente -, e tem edições especiais aos domingos a cada 15 dias. Através da plataforma Instagram, os convidados falam sobre cultura, saúde, educação, tecnologia, espiritualidade e diversos outros temas, sempre com descontração e interatividade. O objetivo, além de ampliar o repertório da companhia virtualmente, busca levar entretenimento e informação aos seguidores em tempos de pandemia. Após o término da live, o conteúdo fica disponível na plataforma IGTV (no Instagram) e no Youtube.
Montando Histórias (Nós Cia. de Teatro)
A série “Montando Histórias” é o novo projeto infantil da Nós Cia. de Teatro. O projeto, que pode ser conferido no canal no Youtube, consiste em histórias narradas, realizadas com bonecos, cenários e dublagens, produzidos pelos próprios atores do grupo. A sequência ainda conta com tutoriais sobre como montar os personagens com as crianças em casa. A concepção é de Letícia Kleemann e Jean Pierre Kruze, com produção de Letícia Kleemann, Everson Silva e Camila Galarza e animação de Ricardo Mendes. A trilha sonora é de Quincas Moreira.
Arte Suburbana
O Arte Suburbana é grupo independente que organiza eventos bimestralmente na cidade de Cachoeirinha e Região Metropolitana de Porto Alegre, com exposições, música, feira de utilidades, dança, poesia e desfile de moda. Agora, em meio ao isolamento, o canal (no Youtube) está realizando entrevistas sobre negócios, afrofuturismo e cultura, voltadas à comunidade negra, visando a divulgação e apoio a artistas e empreendedores periféricos.
Henri Iunes
Henri Iunes é ator e figurinista e desenvolveu, na quarentena, uma forma de expressão artística que pudesse ser completada fora dos palcos. Em seu canal no Youtube e no perfil no Instagram, o artista publica uma série de dublagens musicais, trabalhando, inclusive, com elementos que valorizam as produções.
Amália Ceola
Amáia Ceola é atriz e jornalista, e desenvolveu, em seu canal no Youtube, o programa “Quatentine’s Day – Cadê o Repertório?”, com curtos comentários e leituras a partir de uma série de personagens criados por ela mesma.